quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

NOVA LEITURA

A vergonha amorosa
"Ali está o pai com o filho idiota diante da fonoaudióloga. Quase esquece que também tem uma filha normal – mas crianças normais só precisam de água, que elas vão crescendo como couves. (...) A criança não se concentra muito, diz a fonoaudióloga, e ele se afasta dali quase arrastando o filho, e no corredor sente o olhar agudo dos outros para o pai que leva aos trancos uma pequena vergonha nas mãos, incapaz de repetir duas ou três palavras numa sentença simples. (E, no entanto a criança abraça-o com uma entrega física quase absoluta, como quem se larga nas mãos da natureza e fecha os olhos.)"

O Filho Eterno (Record; 224 páginas; 34 reais), recém-lançado romance do catarinense Cristóvão Tezza, de 55 anos. Francamente autobiográfico, o livro reconstitui o relacionamento de um escritor com seu filho deficiente. As limitações físicas e intelectuais de uma criança com síndrome de Down são descritas com objetividade clínica pelo pai que chega a fantasiar a morte da criança.


Trabalhei por sete anos como voluntária da APAE de Sete Lagoas e posso bem dizer das frustrações de pais que lá matriculavam seus filhos. Não eram os filhos que esperaram por nove meses e sonharam seus sonhos. Eram só os filhos do amor eterno.

O amor que eles dedicam é fiel e puro a ponto de nos convencer de que o mundo ainda vale a pena.
Como dizia a nossa Diretora Maria Lúcia França Diniz: “Jamais seremos os mesmos quando vivemos por qualquer fração de tempo em uma APAE”.

Simples e felizes, irradiam uma compreensão dos sentimentos e bem sei que  em meus piores momentos aparecia um a me dizer que parecia uma bruxa e outro que me dizia linda em segundos de diferença. Meigos e carinhosos, ativos e risonhos, inventam e reinventam histórias, coisas engraçadas e por vezes tão sérias que me deixavam muda, sem resposta que fosse tão honesta quanto eles.
Cheguei muito sabichona e cheia de diplomas e mais aprendi do que me foi ensinado na faculdade. Aprendi vida, superação, aprendi com cada aluno adulto ou criança, com cada pai e mãe que vinham de longe com seus tesouros para o atendimento clínico ou pedagógico. Aprendi com cada professor, com as cantineiras, com os clínicos. E aprendi respeito e dedicação, aprendi a amar.
Como fui feliz nestes anos, como os agradeço por ter sido tão feliz e sou toda orgulho quando reconhecida por alguns deles nas ruas.
A leitura do livro vale a pena, conhecer a APAE vale muito mais e querem saber de uma coisa, o autor considera seu filho deficiente eterno, porque dependerá dele para sempre, mais nós sabemos como mães que:
- Todo filho é eterno.

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